sexta-feira, 8 de junho de 2007
Desculpas triviais para enganar seu chefe.
O carro estava quebrado. De um lado o deserto. Do outro idem. Nada a frente por mais de 60km. Nada para trás por mais de 80. Chutou uma pedra e declarou-se ateu.
Um grande estrondo. O céu parecia rachar em miríades de cores escalafobéticas. Ou algo semelhante. De repente um raio. Fez-se então o silêncio. Uma voz lhe chamou a atenção:
_Inaceitável.
Ele se vira. Sentado no capô do carro um simpático velhinho oriental. Longas barbas e cabelos brancos. Vestia-se com um mal cortado fraque azul-calcinha e portava um guarda-chuva estilo vitoriano.
_De onde você saiu, cara?
_Inaceitável.
_O que é inceitável?
_Declinar de nosso contrato.
_Que contrato? Está louco?
Trovões e raios. Uma ventania inesperada.
_Olha a boca.
_Quem é você?
_O contratado. E, doravante, você será considerado o contratante.
_Deus do céu! Que merda é essa?
Muito, mas muito vento. Começa a chover granizo. O senhor de fraque abre seu guarda-chuva que quase se desintegra em meio à tempestade. Continua muito tranquilo.
_Sem blasfêmias.
_Senhor, pode me dizer que contrato é esse?
_Aquele que assinou ainda em sua pré-vida. Nele constava ajuda espiritual em troca de devoção espiritual.
_Só pode ser sacanagem...
Um leve tremor de terra. O asfalto divide-se em dois por aproximadamente 600 metros. O carro fica pendurado a beira de um abismo.
_"Não Mentirás". Vale para mim também.
_ Escuta... o senhor entende de motor?
_ Não mude de assunto.
_Afinal quem é você?
_Deus.
_"Deus está morto", segundo Nietzsche.
_"Nietzshe está morto", segundo Deus.
_E que contrato é esse? Achei que eu tinha o tal do livre arbítrio...
_Tinha. Até aquele dia em que clamou por minha ajuda.
_Que dia?
_ No elevador.
_Foi você quem interveio e salvou a gente?
_não, mas confiar em mim lhe passou tranquilidade.
_Vai se foder...
O carro explode. Um rio de sangue começa a correr pela cratera do terremoto. O céu se pinta de amarelo e a ordem natural do universo se corrompe. Plantas agoras não fazem parte do reino vegetal e os minerais criam vida. As mitocôndrias passam a exigir reconhecimento por seus serviços.
_Desculpa! PelamordeDeus, desculpa!!!
_Está perdoado.
_Tudo bem, eu aceito que pedi sua ajuda, mas qual o problema?
_Eu te ajudei. Você me deve. Não pode tornar-se ateu.
_Você disse que não me ajudou.
Muita dor. Uma costela brota em seu corpo. Não há mais mulheres no mundo. O destino do homem é homossexual.
_PERDÃO!!!
_Está perdoado.
_Reconheço que você me ajudou, pelo menos espiritualmente.
_Exato.
_E isso me obriga a segui-Lo fervorosamente.
_Mais ou menos.
_O contrato.
_Já entendeu a idéia.
_E se eu quebrar o acordo...
_Já ouviu falar em menstruação e dores do parto?
_Já entendi.
***
_E foi por isso, chefe, que a minha viajem no final de semana atrasou. Deu um baita de um trabalho arranjar outro carro e retornar antes de quarta-feira. O senhor sabe que eu nunca levantaria um falso testemunho. Muito menos agora que sou um novo homem. Não notou nada de diferente com o céu domingo a tarde?
Um grande estrondo. O céu parecia rachar em miríades de cores escalafobéticas. Ou algo semelhante. De repente um raio. Fez-se então o silêncio. Uma voz lhe chamou a atenção:
_Inaceitável.
Ele se vira. Sentado no capô do carro um simpático velhinho oriental. Longas barbas e cabelos brancos. Vestia-se com um mal cortado fraque azul-calcinha e portava um guarda-chuva estilo vitoriano.
_De onde você saiu, cara?
_Inaceitável.
_O que é inceitável?
_Declinar de nosso contrato.
_Que contrato? Está louco?
Trovões e raios. Uma ventania inesperada.
_Olha a boca.
_Quem é você?
_O contratado. E, doravante, você será considerado o contratante.
_Deus do céu! Que merda é essa?
Muito, mas muito vento. Começa a chover granizo. O senhor de fraque abre seu guarda-chuva que quase se desintegra em meio à tempestade. Continua muito tranquilo.
_Sem blasfêmias.
_Senhor, pode me dizer que contrato é esse?
_Aquele que assinou ainda em sua pré-vida. Nele constava ajuda espiritual em troca de devoção espiritual.
_Só pode ser sacanagem...
Um leve tremor de terra. O asfalto divide-se em dois por aproximadamente 600 metros. O carro fica pendurado a beira de um abismo.
_"Não Mentirás". Vale para mim também.
_ Escuta... o senhor entende de motor?
_ Não mude de assunto.
_Afinal quem é você?
_Deus.
_"Deus está morto", segundo Nietzsche.
_"Nietzshe está morto", segundo Deus.
_E que contrato é esse? Achei que eu tinha o tal do livre arbítrio...
_Tinha. Até aquele dia em que clamou por minha ajuda.
_Que dia?
_ No elevador.
_Foi você quem interveio e salvou a gente?
_não, mas confiar em mim lhe passou tranquilidade.
_Vai se foder...
O carro explode. Um rio de sangue começa a correr pela cratera do terremoto. O céu se pinta de amarelo e a ordem natural do universo se corrompe. Plantas agoras não fazem parte do reino vegetal e os minerais criam vida. As mitocôndrias passam a exigir reconhecimento por seus serviços.
_Desculpa! PelamordeDeus, desculpa!!!
_Está perdoado.
_Tudo bem, eu aceito que pedi sua ajuda, mas qual o problema?
_Eu te ajudei. Você me deve. Não pode tornar-se ateu.
_Você disse que não me ajudou.
Muita dor. Uma costela brota em seu corpo. Não há mais mulheres no mundo. O destino do homem é homossexual.
_PERDÃO!!!
_Está perdoado.
_Reconheço que você me ajudou, pelo menos espiritualmente.
_Exato.
_E isso me obriga a segui-Lo fervorosamente.
_Mais ou menos.
_O contrato.
_Já entendeu a idéia.
_E se eu quebrar o acordo...
_Já ouviu falar em menstruação e dores do parto?
_Já entendi.
***
_E foi por isso, chefe, que a minha viajem no final de semana atrasou. Deu um baita de um trabalho arranjar outro carro e retornar antes de quarta-feira. O senhor sabe que eu nunca levantaria um falso testemunho. Muito menos agora que sou um novo homem. Não notou nada de diferente com o céu domingo a tarde?
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2 comentários:
Ahn, já leu ou assistiu "O pequeno príncipe"???
Finalmente me dei conta do que vc quiz dizer com seu comentário.
Leeeeerdooo...
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